Paralisação dos terceirizados da UFPel segue em Pelotas
Trabalhadores
terceirizados da UFPel seguem mobilizados. Na manhã de hoje, estiveram reunidos
desde às 9h em frente ao Restaurante Escola (RE) da Quinze de Novembro. Lá,
discutiram os rumos da mobilização.
Funcionários
da BH
Uma funcionária da BH para serviços
de limpeza afirma: “Não aconteceu nada desde ontem. Continuamos sem
vale-transporte, sem vale-alimentação e eles estão nos ameaçando de dar falta.
Eles querem conversar só a partir de terça no sindicato e até lá querem que a
gente volte a trabalhar. Essa situação já vem de uns dois meses, eles vão
pagando R$50 por semana, na outra R$100, aos pingados. As contas estão todas
atrasadas, ninguém consegue fazer rancho nem nada. Dependendo, hoje a gente vai
pra firma”. Alguns depósitos de salários foram efetuados ontem pela empresa,
porém não abarcaram todos os trabalhadores, tampouco os vales alimentação e transporte.
A falta de cumprimento dos direitos
trabalhistas afeta também outros funcionários, segundo a trabalhadora: “Agora
está vindo a CEEE [Companhia Estadual de Energia Elétrica, que opera nos
serviços de eletricidade em Pelotas], os porteiros são da Tradição e eles
receberam só R$150 de salário”.
Para a próxima terça-feira (14/4), o
Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação de Pelotas está
chamando uma assembleia para discutir a questão da BH. Entretanto, a reclamação
dos trabalhadores é a de que o sindicato deveria ter convocado assembleia para
antes pois, enquanto isso, a reitoria e a empresa pressionam a volta ao
trabalho sem garantias de pagamento.
Funcionários
da Tradição
Trabalhadores e trabalhadoras
afirmaram que o chefe das firmas não apresenta os contracheques. “Até hoje nós
não vimos contracheque, quando vamos lá pedir ele diz que a impressora está sem
tinta, é sempre uma desculpa”, disse um funcionário, que preferiu não se
identificar.
Emanuel do Nascimento, auxiliar de
cozinha do RE do centro, afirma: “nós estamos trabalhando com o nosso dinheiro
desde 11 de março, o salário era para ter caído no quinto dia útil e não caiu.
Ele [“Pula”, chefe da empresa] disse que tinha depositado no quinto dia útil e
que não tinha caído. Ontem veio com o comprovante e a data era de ontem mesmo.”
O grupo de trabalhadores da Tradição
se organizava, realizando um levantamento de trabalhadores que, até então, não
haviam recebido nada. Até a hora de fechamento da apuração, chegava a cinco o
número de funcionários sem qualquer pagamento: “tem cinco ali na lista que não
receberam nenhum centavo”, alegou uma trabalhadora do RE. Ainda, muitos
funcionários permanecem sem os contratos e carteiras de trabalho, problema que
também esperam ser sanado para voltar ao trabalho.
Terceirização em pauta
O caso dos trabalhadores da UFPel vem
ilustrar um dos assuntos em pauta nesta semana, com a aprovação do Projeto de
Lei 4.330, que regulamenta a terceirização no país. Uma das medidas que mais
afrontam os direitos dos trabalhadores é o fato do PL legalizar as
terceirizações sem restrição para empresas, tanto as privadas quanto as
públicas. Nesta semana, entidades sindicais estiveram em Brasília
manifestando-se contra o PL e foram duramente reprimidas pelas forças
policiais. As atividades de protesto contra o Projeto fizeram parte da Jornada
Nacional de Lutas do Fórum dos Servidores Públicos Federais (leia mais em
http://goo.gl/xtDwjJ).
A terceirização nos serviços, de
acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) é responsável por 80% do total de acidentes de
trabalho que ocorrem no Brasil. Ainda, o terceirizado recebe 27% menos que o
trabalhador direto, em média, e tem uma jornada de três horas a mais por semana.
O projeto, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados, segue para sanção ou veto da presidência da república. Para o dia 15/4 estão previstas novas manifestações contra o PL 4.330 e contra as Medidas Provisórias 664 e 665, que também incidem sobre a retirada de direitos trabalhistas.
Segundo a presidente da ADUFPel,
Celeste Pereira, que esteve presente na Jornada de Lutas em Brasília, “foram realizados
vários protestos, dentre eles um contra a aprovação do PL 4330. Fomos impedidos
de entrar no Congresso para acompanhar a votação e acusados de vândalos e
baderneiros pelo presidente da casa. A aprovação deste PL representa um duro
golpe aos trabalhadores em que pese a permissão absoluta para contratação de
pessoal em todas as instâncias, apontando para a extinção gradual do RJU
[Regime Jurídico Único] e o aguçamento da precarização das condições de
trabalho. Seguiremos lutando, agora pelo veto do PL, e estaremos presentes no
dia 15/05 engrossando o coro contra esta política privatista!".
Para saber mais sobre a paralisação
dos funcionários da BH e Tradição, clique aqui.
Assessoria ADUFPel