PMs são presos suspeitos de assassinar Marielle e Anderson
Às vésperas de completar um ano do assassinato de Marielle
Franco e Anderson Gomes, dois policiais militares foram presos suspeitos do
crime. Tratam-se do sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa e do
ex-PM Elcio Vieira de Queiroz. Lessa foi apontado como o responsável pelos 13
tiros disparados que executaram Marielle e Anderson. Já Queiroz, que foi
expulso da corporação, foi o motorista do carro usado para o crime.
De acordo com a denúncia, Lessa teria feito pesquisas sobre
a rotina de Marielle e sua família e os locais que ela frequentava.
As prisões dos dois policiais ocorreram na manhã dessa
terça (12). Ambos foram detidos em suas residências. Ronnie Lessa mora em
condomínio na Barra da Tijuca, o mesmo onde o presidente Jair Bolsonaro tem
residência. Élcio Queiroz mora no bairro Engenho de Dentro.
A polícia cumpriu 32 mandatos de busca e apreensão. Além
disso, fizeram buscas em dezenas de endereços de outros suspeitos.
“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi
sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que
defendia”, diz a denúncia. A nota do MP/RJ descreve o crime como
"barbárie" e "golpe ao Estado Democrático de Direito".
A vereadora do PSol do Rio de Janeiro foi exterminada na
noite do dia 14 de março de 2018, no centro da capital fluminense. Sua morte
ganhou repercussão mundial. Desde então, manifestações pelo Brasil e pelo mundo
cobram justiça.
As investigações estão sendo realizadas pela Polícia Civil
e pelo Ministério Público Estadual do RJ e acompanhadas pela Polícia Federal. A
PF abriu inquérito para investigar se integrantes da Delegacia de Homicídios do
Rio estariam interferindo nas investigações.
Justiça
para Marielle e Anderson
Diversas atividades estão programadas para esta quinta
(14), para marcar um ano do assassinato e cobrar respostas sobre quem mandou
matar a parlamentar e seu motorista. No dia 18, haverá uma sessão solene na
Câmara Federal em homenagem à vereadora.
Coincidências
O policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o
atirador, mora no mesmo condomínio onde tem residência a família Bolsonaro. O
Jornal Valor Econômico divulgou matéria na qual diz que o delegado responsável
pela investigação, Giniton Lages, afirmou que uma filha de Lessa teria sido
namorada de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ainda não
há confirmação da informação.
Além disso, a primeira reportagem sobre as prisões,
publicada às 5h37 desta terça, é assinada por Chico Otávio e Vera Araújo, para
o portal O Globo. Otávio é renomado jornalista que tem diversos prêmios por
investigar as milícias no Rio de Janeiro. Recentemente, divulgou reportagens
denunciando o possível envolvimento da família Bolsonaro com milicianos.
No domingo (10), o presidente Jair Bolsonaro divulgou um
áudio atribuído à jornalista Constança Rezende, do jornal O Estado de S. Paulo.
No tweet Bolsonaro afirma que ela “diz querer arruinar a vida de Flávio
Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente” e ataca a imprensa. “Ela é
filha de Chico Otavio, profissional do ‘O Globo’. Querem derrubar o Governo,
com chantagens, desinformações e vazamentos”, escreveu Bolsonaro.
Na gravação, no entanto, Constança fala sobre as denúncias
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a movimentação
atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de Fabricio Queiroz, ex-assessor de Flávio
Bolsonaro. Na conversa, em inglês, a repórter avalia que “o caso pode
comprometer” e “está arruinando Bolsonaro”. Em nenhum momento declara que seria
sua intenção arruinar o governo.
Em nota, o jornal O Estado de S. Paulo diz que a fake news
foi distribuída pelo site bolsonarista Terça Livre. Segundo o jornal, “as
frases da gravação foram retiradas de uma conversa que ela [Constança] teve em
23 de janeiro com uma pessoa que se apresentou como Alex MacAllister, suposto
estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre Donald Trump e Jair
Bolsonaro”.
O Estadão alerta ainda que o Terça Livre falsamente atribui
à repórter a publicação da primeira reportagem sobre as investigações do Coaf,
sendo que o autor da primeira reportagem foi Fábio Serapião, também do Estado.
Fonte: ANDES-SN
* Com informações da Fórum e O Globo