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Projeto Hortas Urbanas leva conscientização sobre sustentabilidade a comunidades de Pelotas

Com objetivo de apoiar a organização de hortas no meio urbano a partir do plantio agroecológico e contribuir com a sustentabilidade ambiental é que foi desenvolvido o projeto de extensão da UFPel Hortas Urbanas. Desde 2017 o projeto vem comprovando que na relação sociedade-natureza é inevitável a presença do alimento orgânico.


De acordo com a docente do curso de Geografia da UFPel, sindicalizada da ADUFPel e coordenadora do projeto, Giovana Mendes de Oliveira, a ideia do Hortas Urbanas surgiu a partir da discussão no laboratório de estudos urbanos e ambientais do que poderia ser feito para transformar a questão da sustentabilidade dentro das cidades. Desde então, o projeto ampliou-se e as hortas tornaram-se realidade.


O projeto busca estimular o cuidado com a saúde e com a alimentação e a sociabilidade, tornando o município inclusivo e sustentável utilizando tecnologias sociais de baixo custo e que promovam bem-estar de todos os envolvidos. Segundo Giovana, a horta pode mudar a ideia de sustentabilidade porque melhora todo o sistema dentro da cidade, contribuindo, por exemplo, para a diminuição de enchentes, para a valorização de uma alimentação mais saudável e para a promoção da saúde e do bem viver.


“Alimentação saudável é uma questão chave. Eu acho que, para nós, natureza e sociedade são interligadas. Uma dessas formas de interligação é a partir da alimentação saudável. É oferecer aquilo que a natureza nos proporciona, e, nessa interação, ganhamos nós e a natureza,  ganha a sociedade como um todo”, salienta. Giovana também ressalta que a produção de orgânicos também é fundamental para refletirmos sobre o consumismo, já que o plantio desses alimentos resulta na economia de recursos. 


Como funciona?

A implementação das hortas é rápida, de acordo com a docente. Primeiramente, é escolhida uma comunidade que tenha vontade de recebê-las. Nesse processo, são valorizadas as de baixa renda que mais necessitam do projeto. A comunidade que tem interesse pode fazer contato ou a própria equipe do projeto. Para as hortas, é  importante uma área bastante iluminada pelo sol e que seja cercada. O próximo passo é discutir o projeto com a comunidade e formar um grupo para trabalhar nessas hortas.


A equipe responsável pela seleção e que faz o projeto acontecer é formada por um grupo multidisciplinar de docentes de diversas áreas. Assim como Giovana, do curso de Geografia, participam professores e estudantes da Agronomia, Nutrição, Gastronomia, Enfermagem, Geografia e Engenharia Civil, bem como um professor de Sociologia da Universidade de Caxias do Sul. 


“É um projeto em que a gente valoriza a participação popular, que a gente valoriza as tecnologias sociais. A metodologia que a gente usa é a pesquisa-ação. Então, há sempre um diálogo. (...) A gente tem uma ideia pronta de como começar, mas o resultado da horta e como que vai proceder depende da comunidade, do que eles querem desse projeto e para quem eles querem dar os produtos da horta e fazer com os produtos. É uma coisa muito interativa. É uma verdadeira comunhão”, explica Oliveira.


Hoje, as hortas estão presentes na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Py Crespo e na Associação de Moradores da Cohab Tablada. Além disso, está sendo iniciado um projeto no Sítio Floresta e no condomínio Roraima, e há uma perspectiva de implementar na UBS da Dom Pedro II.


Cultivo de orgânicos em Pelotas e região 

Um dos pontos positivos do projeto, conforme Giovana, é que ele tem conquistado até mesmo setores mais conservadores da sociedade. Ela cita que, recentemente, até mesmo o Shopping Pelotas demonstrou interesse em produzir hortas sem veneno em seu terreno. 


Apesar de avanços, ela ainda vê essa luta como uma luta muito árdua. Os desafios são muitos ainda e alguns deles são, segundo Giovana, fazer a população entender que o orgânico é fundamental para a saúde e que pode ser produzido em qualquer espaço. “As hortas urbanas são possíveis e são uma realidade. Elas transformam  as pessoas”.


Seu desejo é que a produção orgânica de alimentos seja ampliada, mas sem o objetivo de concorrer com os demais produtores. “O que a gente produz ainda está muito no nível da subsistência, ainda que a Tablada, por exemplo, quando precisa de algum recurso, vende seus produtos. As nossas hortas estão muito mais para pensar numa cidade sustentável, para valorizar a questão da sustentabilidade no rural e no urbano, do que para concorrer”, afirma.


Aprendizado e troca de conhecimento

Segundo a docente, as mudanças que o projeto proporcionou às comunidades são visíveis. O estímulo à uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos foi uma delas e que, a partir do Hortas Urbanas, muitos começaram a conscientizarem-se. Giovana conta que a presidente da Associação da Cohab Tablada, por exemplo, no início, não tinha ideia de como plantar e hoje ela ensina outras pessoas, dando até mesmo palestras. 


Ela comenta que o projeto também possibilitou muito aprendizado e construção coletiva: “As pessoas aprendem muito a pesquisa, que o saber delas é importante, mas, também, que elas podem aprender com o saber do outro. Essa troca também é muito importante. Acho que todo mundo ganha. Ganha a sociedade porque se constrói - apesar de ser uma migalha - uma migalha positiva, já que tem tanta migalha negativa hoje no mundo”. 


Projeto durante a pandemia

Neste momento, o projeto está suspenso. Para respeitar o distanciamento social, apenas uma pessoa de cada vez fica responsável por cuidar das hortas que estão ativas. Nesse período, os integrantes decidiram estimular o aprendizado em casa, com vídeos informativos sobre como ter sua própria horta e quais técnicas aplicar, como um estímulo à alimentação saudável. 


“A chegada desse coronavírus vai fazer a gente pensar muito a respeito disso, de qual é a minha relação e o que é o vírus que pode derrubar toda uma economia. Eu acho que as hortas podem nos ajudar muito nesse processo. Nas hortas, a gente reflete uma coisa profunda que é a relação sociedade natureza, o que é a questão da sustentabilidade.  Quando a gente planta e vê aquela coisinha nascer, revoluciona a gente”. 


Assessoria ADUFPel

Fotos: Divulgação Hortas Urbanas




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