Rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG) já matou 60 pessoas
O rompimento de uma barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), pode entrar para história do país como um dos maiores crimes ambiental e trabalhista. Segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (28), pela Defesa Civil de Minas Gerais, já são 60 pessoas mortas, e apenas 19 foram identificadas até o momento. 382 pessoas foram localizadas e 191 foram resgatadas. 292 permanecem desaparecidas. Há ainda 135 pessoas desabrigadas.
Na última
sexta-feira (25), a barragem, localizada na região metropolitana de Belo
Horizontem, se rompeu. A lama atingiu o centro administrativo da Vale, onde
havia cerca de 300 trabalhadores. Outros 120 estavam em diferentes locais da
área da mina.
Com o rompimento, foram liberados cerca de 13 milhões de m³ de rejeitos de
minério de ferro da mina do Feijão no rio Paraopeba. A lama se estende por uma
área de 3,6 km² e por 10 km, de forma linear. Há riscos de que os rejeitos
cheguem ao Rio São Francisco.
De acordo com o
porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar de MG, tenente Pedro Aihara, a atuação
das equipes de busca e resgate é bastante delicada. A previsão, segundo ele, é
que os homens permaneçam no local por semanas. As chances de encontrar
sobreviventes, entretanto, são consideradas baixas.
Em nota, a diretoria do ANDES-SN se solidariza com a população vítima
desse crime ambiental. Exige investigações transparentes e com a participação
das famílias atingidas e dos movimentos sociais. Cobra também a suspensão
imediata das atividades e dos direitos à exploração econômica da empresa. E
exige ainda agilidade do Estado e da empresa para indenizar as famílias
atingidas e garantir a prestação de serviços básicos e a manutenção dos
sobreviventes. A diretoria do Sindicato Nacional demanda também o fim da
privatização e da flexibilização dos licenciamentos ambientais.
“À época do crime em Mariana, foi alertado que havia mais barragens com risco
de rompimento. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), desde
2015, apesar das denúncias quanto ao risco de rompimento do complexo de
barragens na região, a Mina Córrego do Feijão teve sua ampliação aprovada pelo
Conselho Estadual de Política Ambiental, em dezembro de 2018”, ressalta a nota.
A diretoria do ANDES-SN aponta ainda que a Vale S.A. é uma das maiores empresas
de mineração do mundo, com bilhões de reais de lucro líquido em 2017. A
mineradora foi criada a partir da privatização da então empresa estatal
brasileira Companhia Vale do Rio Doce. Produz minério de ferro, níquel,
manganês, cobre, bauxita, potássio, alumínio e outros, sendo também participante
em consórcios de energia elétrica.
Segundo a nota do Sindicato Nacional, os rompimentos das barragens de Fundão e
Mina Córrego do Feijão evidenciam as falácias sobre a eficácia das
privatizações de estatais, contidas nos discursos das elites econômicas,
políticas e da grande mídia.
Para a diretoria do ANDES-SN, “fatos como esses servem de alerta para as
políticas temerárias propostas pelo atual governo federal, que apontam para a
flexibilização das leis ambientais, o afrouxamento dos processos de fiscalização,
ampliam as privatizações e incentivam a exploração mineral, mediante renúncias
fiscais”. Confira aqui a íntegra da nota.
Crime em Mariana (MG)
Em 5 de novembro de 2015, a uma barragem da mineradora Samarco, em
Mariana (MG) se rompeu liberando rejeitos de mineração no ambiente.
No episódio, 19 pessoas morreram e comunidades foram destruídas. Houve também
poluição da bacia do Rio Doce e devastação de vegetação.
A ação criminal tramita na Justiça Federal de Ponte Nova (MG) desde novembro de
2016, quando foi aceita a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal
(MPF). Até hoje, nenhuma das famílias atingidas foi reassentada. E as vítimas
ainda esperam indenização.
Fonte: ANDES-SN
Foto: Isaac Nobrega
*Com informações e imagens da Agência Brasil