Terceirizados da limpeza da UFPel têm seus salários atrasados novamente
A situação já não é novidade: desde que assumiu, a empresa BH
não cumpre seus deveres trabalhistas. Todos os meses, funcionárias e
funcionários que mantém a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) limpa
enfrentam a instabilidade causada pelos atrasos em vales (alimentação e
transporte) e em seus salários. Neste mês, os vales foram pagos, mas a
remuneração está atrasada.
“Era para ter entrado dia 8, mas até agora não entrou”, diz
uma funcionária que trabalha no campus Anglo e que preferiu não se identificar.
Em maio, devido a atrasos no vale-alimentação, a categoria dos terceirizados da
limpeza fez uma manifestação em frente ao Anglo e entrou em greve (o estado de
greve havia sido aprovado em assembleia realizada no dia 14 de abril). Após a
mobilização, a BH pagou os vales atrasados. Já em abril, os atrasos atingiram
também os terceirizados que atuam no Restaurante Escola. Ambas as categorias
uniram-se e paralisaram as atividades até receberem a remuneração atrasada.
O pró-reitor de Administração da UFPel, Antônio Carlos de
Freitas Cleff, afirma que a UFPel repassou regularmente a verba para o
pagamento dos trabalhadores da limpeza. “A responsabilidade é inteiramente da
BH, nós pagamos a empresa”, diz. Segundo Antônio, devido aos sucessivos
atrasos, foi aplicada uma multa de cerca de R$40mil à BH no mês passado. Neste
mês, afirma, a empresa diz estar providenciando os pagamentos.
A terceirização nas
universidades
Outros exemplos em Instituições Federais de Ensino (IFE)
brasileiras ilustram as consequências desastrosas da terceirização para os
trabalhadores. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, funcionários
terceirizados da limpeza e da segurança também tiveram seus pagamentos atrasados.
Estudantes ocuparam a Reitoria como forma de pressão e as aulas foram suspensas
até a regularização da situação. A educação, como ilustra o caso, também é
prejudicada por medidas de terceirização já que, na maior parte dos casos,
funcionários terceirizados ganham menos, correm mais riscos de acidentes e
trabalham mais, sendo a insatisfação com o trabalho, o cansaço e o assédio
moral por parte das empresas que os subcontratam problemas constantes.
Algumas das outras IFE que apresentaram descumprimento em
relação aos direitos trabalhistas dos terceirizados neste ano foram: Universidade
Federal Fluminense (UFF), Universidade
Federal de Goiás (UFG) , Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj),
Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) e Universidade Federal da Bahia (UFBA).
O caso dos trabalhadores terceirizados da UFPel vem ilustrar o
Projeto de Lei 4.330, que regulamenta a terceirização no país. Para a ADUFPel,
o fato do PL legalizar as terceirizações sem restrição para empresas, tanto as
privadas quanto as públicas, é uma das medidas que mais afrontam os direitos
dos trabalhadores.
Assessoria ADUFPel