Trabalhadores terceirizados da UFPel aprovam, em assembleia, estado de greve
Em Assembleia Geral, ocorrida
ontem (14), no Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação de Pelotas, os trabalhadores responsáveis pela limpeza da Universidade Federal
de Pelotas (UFPel), contratados pela empresa BH, aprovaram estado de greve.
Entre as pautas, também foi debatido o não cumprimento dos direitos por parte
da empresa e o assédio moral sofrido pelos funcionários. Ontem, todos os funcionários
receberam os pagamentos que estavam atrasados há dois meses.
Por unanimidade, foi aprovado estado
de greve, permitindo que os trabalhadores parem suas atividades caso haja
qualquer atraso no pagamento de salários e auxílios novamente. Também foi aprovada
assembleia permanente e uma moção de repúdio ao assédio moral. Além disso, foi
formada uma comissão, composta por três representantes da categoria para, junto
à diretoria do sindicato, reivindicar os direitos dos trabalhadores.
De acordo com uma funcionária que
preferiu não se identificar, o assédio moral é constante dentro da empresa.
“Além de estarmos tirando dinheiro do nosso próprio bolso para trabalhar, eles
tratam a gente como se
fosse lixo”, afirmou.
Também foi definido que o
sindicato entrará na justiça com uma ação coletiva para contestar os laudos do
Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), que foi estabelecido em 2007,
obrigando as empresas a informar o perfil profissiográfico de todos os
trabalhadores. Os laudos são realizados muitas vezes à
distância, sem contato com os trabalhadores.
Em relação aos funcionários
demitidos da Marinonio – empresa anterior à BH –, o sindicato, em uma reunião
com representante do Ministério Público Federal (MPF), deu início a uma ação
judicial para que seja pago o FGTS a todos. O procurador do Trabalho, Alexandre
Marin Ragagnin, se comprometeu a mover a ação ainda no mês de março, mas o
sindicato ainda não foi notificado. Segundo o advogado do sindicato, Ulisses
Ferreira Pinto, o prazo para pagamento do seguro-desemprego e FGTS é de 120
dias e deve ser cumprido. “Como esses trabalhadores, administrativamente, não
vão conseguir receber o FGTS, eles terão de se utilizar da via judicial para
que seja feito um encaminhamento dentro do prazo”, explicou.
Para a presidente do sindicato, Lúcia
Helena Duarte, o estado de greve “é uma forma de pressionar a empresa a cumprir
com o que é de direito dos trabalhadores”.
Confira abaixo a nota de repúdio ao assédio moral divulgada pelo
sindicato:
Os Trabalhadores da BH PRODUÇÔES e SERVIÇOS LTDA - EPP estiveram reunidos em assembleia conforme edital publicado no Diário Manhã do dia 10 de abril na página 11 torna pública essa nota de repúdio aos recorrentes casos de Assédio Moral que infelizmente ocorrem no cotidiano de trabalho.
Ressaltamos que como Assédio Moral entendemos a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho.
Não aceitamos e não aceitaremos
nenhuma destas práticas em nossos ambientes de trabalho e exigimos respeito.
Sindicato dos Empregados em
Empresas de Asseio e Conservação de Pelotas
Pelotas, 14 de abril de 2015.
Leia mais sobre o assunto:
09/04/2015 - Trabalhadores terceirizados da UFPel paralisam e cobram seus direitos
10/04/2015 - Paralisação dos terceirizados da UFPel segue em Pelotas