Trabalhadores terceirizados da UFPel paralisam e cobram seus direitos
Empresa responsável pela
subcontratação dos funcionários do Restaurante Escola e da limpeza está com o
pagamento dos salários e vales (alimentação e transporte) atrasado
As duas
unidades do Restaurante Escola (RE) e do Restaurante Universitário (RU) da
UFPel não abriram hoje. Funcionários terceirizados que trabalham nos
restaurantes tomaram a decisão de paralisar devido à falta de pagamento. A
empresa Tradição, que subcontrata os funcionários, conforme nota lançada pela
Assessoria de Comunicação da UFPel, diz que a falta de pagamentos deu-se em
função de problemas com a Caixa Econômica Federal.
O problema
do descumprimento do pagamento aos trabalhadores terceirizados não acontece
apenas nos restaurantes. Funcionários da limpeza contratados pela empresa BH
também estão paralisados devido a descumprimentos no contrato: atrasos em
salário e vales (alimentação e transporte). Eles também estiveram mobilizados
na quinta-feira da semana passada.
O
funcionário do RU, Adão Roberto Goulart de Costa, que trabalha há dez anos e
oito meses na Universidade, explicou que o atraso dos salários e o não
pagamento dos auxílios começou a partir do momento em que a empresa Tradição
assumiu a gestão dos restaurantes, cujos contratos antes eram realizados pela
Fundação de Apoio Universitário (FAU). “Essa empresa entrou e não assumiu o
compromisso de nos pagar em dia”, falou Adão. Segundo ele, os funcionários
contataram a pró-reitora Ediane Acunha que se comprometeu a conversar com a
empresa. “Nós não iremos pagar para vir trabalhar. Isso tudo é um absurdo. Só
voltaremos a trabalhar quando todos estiverem recebendo os vales e salários”,
destacou.
De acordo
com os funcionários responsáveis pela limpeza, que não quiseram se identificar
por estarem sofrendo ameaças da empresa, no mês de dezembro de 2014, a
Marinonio, que faz parte do Grupo M – composto também pela Tradição e BH – teve
seu contrato finalizado com a UFPel. Logo após, em janeiro, foi feito um
contrato emergencial com a BH que, desde que assumiu, vem atrasando o pagamento
dos salários e vales. “Assinamos há semanas o contrato com a nova empresa sem a
liberação na carteira de trabalho da empresa antiga, a Marinonio. Não liberaram
nosso FGTS e a gente já assinou contrato com a BH. A nossa carteira está assim:
sem saída numa, com entrada na outra”, explicou uma funcionária.
A funcionária Lucimar Fonseca Jardim, que trabalhou por 13 anos na Universidade e foi umas das demitidas da Marinonio, conta que ainda não recebeu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e não teve ainda direito ao seguro-desemprego por não terem dado baixa na sua carteira de trabalho até o momento. “Meu caso tá péssimo. Moro sozinha, tenho dois filhos e sou mãe solteira. Tenho um menino de 1 ano e 9 meses e uma menina de 6 anos. Tá sendo muito difícil. Eu ganhei a minha casa pelo Minha Casa, Minha Vida e não tenho como pagar. A dificuldade maior é não poder pagar as minhas coisas, a conta de água, condomínio. Estou dependendo da minha mãe”, explica. Segundo ela, “a Universidade é uma instituição tão grande e mesmo assim não tem uma fiscalização em cima dessa firma. É um direito do funcionário. Alguém tem que fazer alguma coisa”.
Versão da reitoria
Na parte da
tarde os trabalhadores mobilizaram-se em frente ao gabinete do reitor para
cobrar explicações da UFPel em relação aos atrasos. O reitor Mauro Del Pino, a
vice-reitora Denise Gigante, a pró-reitora Ediane Acunha e o pró-reitor
Administrativo, Antônio Cleff, receberam os funcionários no corredor do campus
Anglo.
Os
funcionários reivindicaram o cancelamento do contrato com as empresas BH e
Tradição, o que foi questionado pelo pró-reitor Antônio Cleff de maneira
irônica, “se cancelarmos o contrato hoje, vocês vão ficar desempregados até vir
uma nova empresa?”. Demonstrando falta de conhecimento sobre a situação atual,
ainda perguntou: “o salário de vocês já foi pago?”.
O reitor
afirmou que a alimentação dos estudantes de bolsa integral está sendo mantida
apesar da paralisação.
Estudantes apoiam a paralisação
Os
estudantes da UFPel estiveram presentes durante os atos que aconteceram no dia
de hoje. O estudante de História, Pedro Jordão, explica que o objetivo é dar o
máximo de apoio à mobilização. Para ele, essa situação já era esperada em um
ano de cortes e crise na educação. “Isso mostra que os trabalhadores são sempre
penalizados nessa conjuntura em que estamos e nós iremos apoiá-los da melhor
maneira possível”, complementou.
Paralisação continua
Os
trabalhadores decidiram manter a paralisação. Amanhã (10), às 9h, estarão
reunidos em frente ao RU da rua Quinze de Novembro para preparação das ações
futuras.
Veja mais fotos da paralisação na galeria: http://goo.gl/vkQtTE
Assessoria
ADUFPel