As universidades estaduais paranaenses têm enfrentado graves problemas financeiros no final de 2015, decorrentes da política de ajuste fiscal dos governos estadual e federal. Três campi da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) estão fechados, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) fechou as portas por tempo indeterminado nesta terça-feira (22), e a Universidade Estadual de Londrina (UEL) fechou as contas do ano no vermelho.

Denny Willian da Silva, 1º secretário da Associação dos Docentes da Unicentro (Adunicentro – Seção Sindical do ANDES-SN), afirma que o quadro de crise é geral a todas as universidades estaduais do Paraná e que, sem regularização dos repasses financeiros do governo, será difícil iniciar o ano letivo de 2016. “A crise é consequência da política de ajuste fiscal promovida pelo governo estadual e pelo federal”, afirma o docente.

O 1º secretário da Adunicentro-SSind conta que a sua universidade recebeu apenas 64% das verbas de custeio a que teria direito, e que isso fez com que a instituição não pagasse as bolsas dos estagiários. “A Unicentro tem apenas 230 servidores, e mais de 400 estagiários cumprindo funções administrativas”, ressalta Denny. O docente ainda critica o corte do subsídio de alimentação de 1700 estudantes da Unicentro, o que afeta diretamente a política assistência estudantil da universidade.

Por conta da crise financeira, o Conselho Universitário da Unicentro, reunido na segunda-feira (21), decidiu pelo fechamento da universidade por tempo indeterminado. “Caso a Secretaria de Fazenda libere os recursos para efetuar o pagamento, as atividades da instituição continuarão sendo desenvolvidas normalmente”, afirmou o reitor Aldo Nelson.

Na Unespar a situação não é diferente. Três campi da universidade estão fechados: a Faculdade de Artes do Paraná (FAP), em Curitiba, o campus Paranaguá e o campus União da Vitória. A universidade não consegue pagar seus trabalhadores terceirizados, e o prédio do campus Paranaguá está sem condições de infraestrutura para receber atividades acadêmicas. Veja mais. 

Denny Willian da Silva avalia que as dificuldades enfrentadas pelas universidades estaduais do Paraná fazem parte da política de privatização e mercantilização da educação pública no Paraná. “O governador criou, recentemente, um curso de farmácia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) em parceria direta com a indústria farmacêutica [Prati-Donaduzzi, uma das maiores fabricantes de medicamentos do Brasil]. A resposta das seções sindicais do ANDES-SN no Paraná será de articular o enfrentamento a políticas como essa, defendendo o caráter público das universidades”, conclui o docente.

Paraná demite 30 mil professores estaduais às vésperas do Natal

O governador Beto Richa (PSDB) anunciou na segunda-feira (21) a demissão de 30 mil professores de ensino básico contratados no regime de substitutos. A medida deixa desempregada ao mesmo um terço da força de trabalho no magistério paranaense. A demissão em massa poderá gerar confusão no sistema de ensino do estado, pois, em virtude da greve, o ano letivo de 2015 se encerrará em fevereiro de 2016. Ou seja, ainda haverá reposição de aulas para completar o currículo escolar.

*Com informações de Adunicentro-SSind e Esmael Moraes. Imagem de Adunicentro-SSind.

Fonte: ANDES-SN