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A luta política de mulheres negras é pauta de debate realizado no Mercado Público

A luta das mulheres e a luta contra o racismo estão unidas no mês de março em Pelotas. Até o dia 28, ocorrerá uma série de atividades para o reforçar a importância da mobilização contra a discriminação de gênero, raça e orientação sexual, além de qualquer forma de intolerância. As ações integram a campanha “21 Dias de Ativismo Contra o Racismo” e o 8M (Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora)


No final da tarde desta quinta-feira (5), no pátio central do Mercado Público, o debate “Luta Política de Mulheres Negras - Trajetórias e Perspectivas” deu início à programação. O objetivo, conforme apontou a diretora da ADUFPel e uma das organizadoras do evento, Miriam Alves, é ocupar todos os espaços da sociedade para o debate, a reflexão e o enfrentamento. “Mais uma vez estamos aqui para demarcar este lugar de luta e para poder dizer para a sociedade que precisamos, e devemos, vencer diante do cenário que está colocado para nós a partir deste governo”, ressaltou.


Segundo a diretora, a ideia é trazer à discussão a forma como o capitalismo e o imperialismo afetam as nossas vidas, olhando para as dimensões e a intersecção de racismo, sexismo e classismo. Para abordar esse assunto, foram convidadas quatro mulheres para realizar uma discussão política: Ieda Leal de Souza (Movimento Negro Unificado - MNU), Ernestina dos Santos (Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Pelotas), Lins Roballo (ONG Girassol) e Franciele Rodrigues (Coletivos Juntos! e Juntas!). 


“A humanização do ser humano passa pela reorganização das mulheres negras”

Ieda Leal, uma das fundadoras do MNU, veio de Goiânia para participar da roda de conversa. A militante discorreu sobre fortalecimento e empoderamento das mulheres negras na sociedade e apresentou histórias de mulheres que ocupam espaços de evidência na política e nas artes. Segundo ela, a organização política do povo negro é fundamental, assim como a inserção das mulheres em todos os espaços. 


“Nós precisamos reforçar a busca diária para sermos donas de nossas próprias palavras, dos nossos corpos, do que queremos ser. Ninguém pode dizer o que eu quero ser. Se eu tenho o pertencimento da palavra, eu vou mais longe. Se eu tenho voz, todas as pessoas terão voz, porque nós partimos do coletivo”. Ainda, para ela, é preciso romper com as violências obstétrica, política, estética, racial e econômica. “A humanização do ser humano passa pela reorganização das mulheres negras neste país”, concluiu.


A mudança começa pelas escolhas políticas

Ernestina dos Santos, dirigente do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Pelotas, afirmou que o compromisso das mulheres negras com a luta é bem maior do que o das demais mulheres. Somado a isso, as trabalhadoras domésticas também enfrentam o preconceito pelo seu trabalho. 


Segundo Ernestina, ao relembrar a história do município de Pelotas, o racismo continua, e a solução, para ela, começa no momento da escolha de nossos representantes. “Temos que pensar em política quando pensamos no povo”. Diante de tamanho retrocesso, a trabalhadora aposentada ainda reforçou que é imprescindível resistir e ampliar essa resistência hoje.


Invisibilidade trans

A assistente social e coordenadora da ONG Girassol, Lins Roballo, abordou o tema LGBTQI +, com foco na pauta travesti e transexual, dentro de um movimento que tem sido articulado nacionalmente e tem feito emergir diálogos e questionamentos. 


Lins contou como é ser uma mulher transexual negra dentro do movimento feminista e de que forma sente-se invisibilizada dentro dos espaços de fala, nos quais a identidade trans não é levada em consideração. “É difícil a mulher romper com esse padrão e conseguir falar, e as que falam ainda mantêm as mulheres negras em um espaço de invisibilidade”. 


Em 2020, segundo Lins, não há como fugir da pauta que trata das rupturas dentro do padrão social conservador. Em um cenário no qual o presidente do país posiciona-se abertamente contra negras, negros, mulheres e LGBTQI+, é preciso o fortalecimento da luta.


Ainda, defendeu o impulsionamento de candidaturas de mulheres, de pessoas negras, que vêm da periferia, para levar com propriedade essas pautas para as casas legislativas. De acordo com ela, passamos muito tempo elegendo aquilo que o padrão hegemônico da sociedade determina. 


O extermínio da população negra 

A estudante de direito na UFRGS e militante dos coletivos Juntas! e Juntos!, Franciele Rodrigues, falou sobre o projeto de extermínio da população negra e relembrou os dois anos da execução de Marielle Franco (14 de março) e o que a ex-vereadora representou para o movimento negro. Franciele afirmou ser fundamental dar visibilidade ao assunto, pois o projeto do governo é um projeto de extermínio da população negra e da periferia. 


A força da mulher negra na sociedade também foi destacada pela militante: “A gente fala que mulheres negras movem estruturas e eu não duvido nem um pouco que a gente mova estruturas. Eu queria ver o capitalismo se mover sem a presença das mulheres negras na sociedade. Sem a gente, a sociedade não gira”, apontou. 


Em relação a isso, afirmou que as mulheres negras não irão recuar e que esse é o momento de todos e todas se organizarem conjuntamente e unir forças para derrotar o governo.  “Eu acredito que a gente pode, mas a gente não consegue sem as mulheres negras junto, sem os LGBTs. Não vão ser os homens brancos, de terno, que vão fazer a revolução”. 


Construção das atividades 

O 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo em Pelotas foi construído pelo Coletivo  Juntos!, pela ADUFPel-SSind, pelo Sinasefe IFSul, pelo CPERS e pelos Núcleos de Ações Afirmativas Diversidade (Nuad) e de Estudos e Pesquisas É'LÉÉKO, ambos da UFPel. 


Assessoria ADUFPel

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