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Notícia

Colégio Dom João Braga é ocupado em Pelotas

O Colégio Estadual Dom João Braga foi o segundo a ser ocupado em Pelotas - o primeiro foi o Instituto Estadual de Educação Assis Brasil, na manhã do dia 16. Desde a noite de ontem (16), os estudantes estão mobilizados em apoio à greve dos professores estaduais, deflagrada no dia 13 (sexta-feira). Entre as motivações para a adesão dos alunos estão o parcelamento dos salários, falta de funcionários, remanejamentos de professores, realocação de disciplinas e baixa adesão dos docentes da escola à greve. De acordo com a direção do colégio, 50% do quadro de professores encontra-se paralisado.

 

A diminuição do número de turmas e a consequente superlotação das salas de aula, também preocupam os estudantes. Além disso, devido ao parcelamento dos salários, os servidores estão trabalhando em horário reduzido. Para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes contarão com o apoio dos professores para garantir o certificado de conclusão do ensino médio. “As professoras nos falaram, ontem, que vão resolver e que a gente não se preocupe com o Enem. Elas vão conseguir o certificado, dentro da lei, até novembro. Por isso que a gente prefere greve. Melhor não ter aula do que ter o horário reduzido”, afirmou a estudante Maria Fernanda Nieves.  

 

Quadro de professores e funcionários é precário

A vice-diretora do Colégio Dom João Braga, Maria do Carmo Langone, relata que não faltam professores na escola, porém não há substitutos quando os efetivos entram em licença. No momento que retornam, devem recuperar o conteúdo. “A 5ª CRE [Coordenadoria Regional de Educação] só nos dá professor substituto se a licença for maior que 30 dias”, destaca. Atualmente, a escola tem quatro professores afastados.

 

A realocação de disciplinas também faz parte da história da educação pública estadual. As escolas devem seguir ordens da CRE, que define um mínimo de 12h e máximo de 16h de trabalho em sala de aula. Aqueles que não cumprem as horas pré-estabelecidas são remanejados ou “convidados” a lecionar outras matérias. No Dom João Braga, há caso de um professor que dá aula de Física e Ensino Religioso para complementar sua carga horária. Sobre essa situação, a vice-diretora, explica que são decisões da Coordenadoria e não podem ser contestadas. “No atual governo, se está sobrando hora a gente conversa com o professor e ele aceita”, afirma.

 

De um total de mil alunos, a escola tem cerca de quatro funcionários para a limpeza de 16 salas. São preparadas, em média, 700 refeições por dia por três merendeiras (uma para cada turno). Apenas uma monitora é responsável pelos alunos nos turnos da tarde e noite. Pela manhã não há ninguém.

 

Problemas estruturais

A principal preocupação em relação à estrutura é a fiação elétrica. A escola recebeu 13 aparelhos de ar-condicionado do governo anterior, mas a fiação não suporta a instalação e teria que ser refeita. A vice-diretora conta que já foi solicitada uma nova fiação e, enquanto isso, os aparelhos estão guardados em uma sala. “A nossa preocupação é que com o tempo eles estraguem”, conta a vice-diretora.

 

Atividades

Até o dia 24 de maio os alunos terão oficinas durante a ocupação, já agendadas. Hoje de manhã (17), professores de história e antropologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) palestraram sobre cotas.

 

Código de conduta

Os estudantes desenvolveram, em conjunto, um código de conduta para a ocupação. A primeira regra define que durante a noite podem ficar 12 alunos na escola, sendo que três pessoas que fizeram parte do primeiro dia de ocupação devem estar sempre presentes e dois professores responsáveis. Durante o dia não há limite de pessoas dentro do prédio.

 

Os alimentos consumidos são levados pelos próprios estudantes ou por doações. Manter a escola limpa e organizada, cuidar do patrimônio e agir sempre em coletividade fazem parte do código.

 

Os docentes que não aderiram à greve continuam a dar aula normalmente durante os três turnos (manhã, tarde e noite) a alguns alunos, com horário reduzido e de maneira adaptada. A vice-diretora elogia o comportamento dos alunos em respeito aos professores que não aderiram: “De manhã, quando chegaram os primeiros professores para dar aula, os alunos respeitaram, entraram nas aulas educadamente e convidaram esses professores e alunos à aderirem à ocupação”.

 

Os estudantes mantêm uma página no Facebook (https://www.facebook.com/OcupaDJB/?fref=ts) para mais informações ou contato para doações de alimentos ou produtos de limpeza.

 

Plenária avalia mobilização

Desde às 14h30 de hoje, servidores estão reunidos, em Pelotas, em plenária promovida pelo Sindicato dos Professores e Funcionários de Escolas do Rio Grande do Sul (Cpers), para definir calendário de manifestações, realizar balanço e traçar ações.

 

Ocupações pelo país

Organizadas pelos movimentos estudantis e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), as ocupações acontecem em diversos estados, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, pelo menos 12 municípios já estão inseridos no movimento. Em Porto Alegre, 18 escolas foram ocupadas até o momento e em Rio Grande oito. As ocupações seguem em Canguçu, Caçapava do Sul, Caxias do Sul, Charqueadas, Guaporé, Novo Barreiro, Passo Fundo, Venâncio Aires e Viamão. O objetivo dos estudantes é permanecer até que o governo amplie os investimentos na educação e atenda as demandas. Acompanhe as ocupações pela página Ocupa Tudo RS: https://www.facebook.com/ocupatudors/?fref=ts.

 

Para a ADUFPel-SSind, a luta dos estudantes, professores e demais trabalhadores das escolas estaduais de Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas e de todas as outras cidades pelo Brasil é justa e deve ser apoiada. O atraso no pagamento dos salários dos servidores e no repasse de verbas às escolas, assim como o aumento das parcerias público-privadas nas instituições de ensino, contribuem para a precarização e mercantilização da educação. A mobilização é fundamental para que nossos direitos sejam preservados. A luta contra a precarização do ensino e por um projeto democrático de educação fazem parte dos temas que serão debatidos no II Encontro Nacional de Educação (ENE), que acontece entre os dias 16 e 18 de junho, em Brasília.

 

Veja mais:

http://adufpel.org.br/site/noticias/maior-escola-estadual-de-pelotas-ocupada-por-estudantes

 

Assessoria ADUFPel

 

 

Fotos: Assessoria ADUFPel

 

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